Nova Iorque, Setembro de 2001
9 de Setembro
Acordou sobressaltado e ofegante. Olhou o relógio: marcava 6:59. Levantou-se, mas teve que voltar a sentar-se na borda da cama, pois estava demasiado assustado com o pavoroso pesadelo que tivera. Estava numa floresta e a sua companheira pedira-lhe para ir buscar uns ramos lá fora. Era preciso fazer uma fogueira, para aquecer a cabana, onde, por artes mágicas, residiam agora. Saíra, mas, mal dera sete passos, viu-se rodeado de uma matilha de lobos. Três deles avançaram na sua direcção e cravaram as suas mandíbulas no seu corpo. Lutou com veemência, mas sentiu-se desmembrado. Cada pedaço do seu corpo estava num animal diferente, mas era como se todos os pedaços continuassem a formar um único e uno corpo. Imaginou que isso seria a morte.
10 de Setembro
Estou f*****! O desgraçado do PC foi à m****! Lá na empresa, disseram-me que foi um crash do sistema e que ainda será possível recuperar os ficheiros perdidos. A bem dizer, não acredito! Toda a minha rede de contactos foi para o c******, com a porra desta falha do sistema. Sinto-me mal. Só isto e a merda do sonho que tive ontem à noite. Acho que tenho andado a fumar umas ganzas a mais!
Ao almoço, fiquei totalmente puto, com a notícia que o L. me deu. Já não o via há mais de 7 anos. Não sei como nos cruzámos no botequim a que, volta e meio vou, para fumar uma passa. Logo o L., sempre tão arrumadinho, com aquele ar de menino do coro… Não é que fiquei a saber que a gaija, com quem mantenho um relacionamento vai para mais de 10 anos, vai juntar os trapinhos com uma outra. Aquela filha da p**** que me tem f***** a cabeça e a vida… Só me faltava mais esta! Decididamente, hoje até parece uma sexta-feira, 13!
11 de Setembro
Decidido a dar um rumo definitivo à sua vida, chegou ainda antes da hora, seriam umas 8h30, ao 101º andar do seu local de trabalho, situado na Torre Norte do World Trade Center.
O resto da história não necessita de ser contado.
É sobejamente conhecido em toda a cidade.
Moral da história: mais vale um burro que me leve que um cavalo que me derrube!
Adenda: este é um texto que procura homenagear o recentemente falecido Luís Pacheco (1925-2008).
terça-feira
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